2 de março de 2015

O mundo vivo, mas mudo


A propósito do poema “Há Palavras que nos beijam” de Alexandre O’Neill, foi pedido aos alunos que escrevessem sobre a importância das palavras. Um dos textos escritos foi este:

Quanto a mim gosto das palavras, palavras que uso para falar com quem gosto, palavras que uso para falar com quem amo, palavras que uso para falar, simplesmente, comigo mesma, para escrever no meu diário, para mandar um e-mail ou até mesmo uma carta.
O mundo sem palavras não seria mudo, seria barulhento, seria ruidoso. Nas cidades os motores dos carros, o barulho das fábricas, os passos pesados dos cidadãos, o abrir e fechar das portas de cada prédio, tudo, tudo seria barulho. No campo os pássaros, o vento, o rio, tudo faria sons lindos mas, rapidamente, a falta da palavra, a mudez do ser humano baixaria o volume do som da grande coluna que é o mundo.
Se não houvessem palavras, como é que os apaixonados de outra hora escreveriam as suas lindas cartas que foram lidas tantas vezes e, ainda hoje, são lidas e relidas pelos apaixonados de agora? Como declarava eu o meu amor? Como seria eu sincera e verdadeira? Como é que escreveria o meu nome? Se não houvessem palavras será que eu teria nome?
O mundo não para, não se senta para pensar na sorte que tem. O mundo tem um dom, o dom da palavra, o dom de poder expressar-se, o dom de amar, pedir, odiar, gostar, admirar e até invejar, através da palavra. E se não houvessem palavras, como escreveria eu este texto sobre elas?
Alice Rodrigues, 8.ºC, n.º2

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